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domingo, 23 de setembro de 2007

Mendigo de mim mesmo.

Virei-me do avesso,
Queria coser, os meus buracos, rotos, todos,
Os que tinha no meu corpo,
Mas nem toda a linha do mundo foi suficiente,
Desenrolei, desenrolei, perdi o fio à meada,
Forcei-o contra mim, e desatei a coser-me,
Mas foi ‘cose de um lado, descose do outro’
Remendos temporários,
Que não impediam de me esvaziar em dor;
Ai, e como dói ser, imperfeito;
Mal feito;
Nem feito sequer,
Como mói, ver-me ao contrario,
Sem fio para me emendar.
Serei sempre o buraco, roto, sem fundo,
Tal como me conformei ser.


Pedro Azevedo 23/09/07

2 comentários:

Anónimo disse...

E se eu coser amor? Ou se lamber as fendas e usar a minha saliva como cola? E se eu te beijar os dedos e te emprestar o meu estomago como dedal? Ou se te amar toda a vida, cura? Cura a alma esburacada?

não és de todo, contudo, ou com tudo, imperfeito. és em mim a mais bela das pessoas e o mais amado dos seres.

amo-te mais do que 100% (nas escadinhas do Sameiro).

Anónimo disse...

De todos os poemas este foi o que me tocou particularmente. lembro-me do que ja foi...mas que se repete de uma forma semelhante e ao mesmo tempo teo diferente.
Como diz a Catia, és especial, o teu jeitinho de ser, la dentro, bem la no fundo, nao reflectem esses versos escritos, nao podem reflectir! Pelo que es nao mereces as palavras citadas nesses versos, esse nao es tu! Acredita que nao...por muito que sejas (sejamos)um espaço perdido na floresta da vida, nao mereces (merecemos) tal frieza, amargura, nao sei...

Agarra a parte doce e sensivel que tens neste momento, suga lhe tudo o que ela tem para te dar e conserva-a...


um beijo
(: